ATA DA TRIGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 16.11.1995.
Aos dezesseis
dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se,
na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às quinze horas e vinte e quatro minutos, constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Líder Comunitária
à Senhora Maria Madalena Superti Rossler, de acordo com o Requerimento nº 15/95
(Processo nº 1299/95), de autoria da Vereadora Clênia Maranhão e aprovado pelo
Plenário. Compuseram a Mesa: Vereador Airto Ferronato, Presidente desta Casa,
Senhora Maria Madalena Superti Rossler, Homenageada, e seu esposo, Senhor Lauro
Rossler, Senhora Élida Galarça, Presidente do Conselho Geral do Clube de Mães,
Senhora Jussara Possa, representante do Conselho Municipal de Clube de Mães de
Porto Alegre e o Coronel Irani Siqueira, representando o Comando Militar do
Sul. E como extensão da Mesa, o Senhor Presidente citou as presenças das
seguintes pessoas: Senhora Maria Banda, representando o Clube de Mães São
Francisco de Assis, Nice Dias Borges, Conselheira Municipal, Mirna Meneghetti,
Presidente do Clube de Mães São Luís, Maria da Conceição Souza Sanches,
representando o Centro Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza - Pedra
Redonda - Assunção, Senhor Valdir Rocha, representando a METROPLAN, neste Ato,
Senhor Honório Floriano, representante do Clube de Mães Flor da Primavera,
Senhora Ledi Teixeira, Coordenadora Geral do Vida, Centro Humanístico, Maria de
Lurdes, Cibele e Lauro Antônio, filhos da Homenageada, Senhora Janaína alves,
Presidente da União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas - UGES, Senhor
Francisco Lenusa, Presidente da União Metropolitana de Estudantes, Senhora Nice
Vargas, Vice-Presidente da 1ª Zonal do PTB, Senhora Iara Maria Lopes,
representando o Movimento Feminino Petebista no Estado, Deputado Estadual
Valdir Fraga. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que
falariam em nome da Casa. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome das Bancadas do
PMDB, PDT, PT, PP, PPS e PSDB, disse que a Homenageada tem se destacado pela
sua expressão, participação e, principalmente, pela sua perseverança na
conquista de dias melhores, ressaltando a importância desse Título dado pela
unanimidade da Casa, apesar da diversidade partidária existente. O Vereador
Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, lembrou que a Homenageada
concorreu a uma vaga nesta Câmara, pelo seu partido, na última eleição,
destacando a sua postura ética nas atividades que desenvolve, e sua importância
para a Federação das Mulheres Gaúchas. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da bancada
do PFL, reportou-se ao pluralismo da homenagem, valorizando a participação
popular e comunitária das mulheres participantes de Clubes de Mães. A seguir, o
Senhor Presidente convidou a Vereadora Clênia Maranhão para que entregasse o
Diploma alusivo ao Título ora outorgado à Senhora Maria Madalena Superti
Rossler, que agradeceu a presente homenagem, salientando a importância do papel
que a mulher exerce na sociedade atual. Em continuidade, a Senhora Isabel
Ibias, Coordenadora do Grupo Teatral de Terceira Idade "Sem Teias",
apresentou as Senhoras Teresinha Bonini e Odete Pacheco, que representaram uma
cena da peça "Berço Esplêndido", composta por Carlos Carvalho (já
falecido). Às dezesseis horas e quatorze minutos, nada mais havendo a tratar, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, agradecendo a presença de
todos e convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene das dezoito
horas. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato e
secretariados pela Vereadora Clênia Maranhão, Secretária "ad hoc". Do
que eu, Clênia Maranhão, Secretária "ad hoc", determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Airto
Ferronato):
Senhoras e Senhores, damos início a esta Sessão Solene destinada à entrega do
Título Honorífico de Líder Comunitária à Sra. Maria Madalena Superti Rossler.
Para compor a Mesa, convidamos: nossa homenageada; seu esposo, Lauro
Rossler; Sra. Élida Galarça, Presidente do Conselho Geral do Clube de Mães;
Sra. Jussara Possa, representante do Conselho Municipal de Clube de Mães de
Porto Alegre; e o Cel. Irani Siqueira, representando o Comando Militar do Sul.
Nossa homenageada, residente do Bairro Cristal desde 1975, é integrante
do Clube de Mães daquele bairro, onde já exerceu diversas funções como
Secretária, Vice-Presidente, Diretora do Departamento de Assuntos Comunitários
e Presidente. Eleita Mãe do Ano do Rio Grande do Sul em 1988 e escolhida
Coordenadora do Conselho Municipal do Clube de Mães de Porto Alegre no período
de 90/91, também ocupou o cargo de 2ª Secretária da Diretoria Executiva da
Federação das Mulheres Gaúchas em 1992. Essas atividades revelam o espírito
comunitário de Maria Madalena Superti Rossler, cuja atuação tem sido voltada à
defesa da mata nativa do bairro, de melhorias dos equipamentos urbanos,
segurança pública, promovendo debates sobre temas de interesse da comunidade e
campanhas de auxílio às crianças carentes.
A Cidade precisa de cidadãos como a nossa homenageada, que deixa de
assumir uma posição contemplativa frente aos problemas para se engajar no
processo de transformação.
Pelos relevantes serviços prestados a nossa Capital e pelo exemplo
positivo de seu trabalho, a Câmara Municipal de Porto Alegre lhe confere este
título como prova do reconhecimento e do trabalho que a senhora tem prestado
aqui na nossa Cidade.
Passamos a palavra à Vera. Clênia Maranhão, que fala em nome do PMDB,
PT, PDT, PP, PSDB e PPS.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da
Mesa.) Tive, como Vereadora de Porto Alegre, a honra e a possibilidade de
eleger, entre tantas cidadãs de Porto Alegre, uma pessoa que se destacou pelo
seu desprendimento e pela sua opção de trabalho: o trabalho junto à comunidade.
Conhecendo a existência na Casa do Título Honorífico de Líder
Comunitário, veio-me à cabeça, imediatamente, a imagem de Maria Madalena
Superti Rossler, porque a história da Madalena tem sido a história construída
pela participação da luta em Porto Alegre, não por uma participação sobre o
foco da grande mídia, sobre as preocupações que ocupam os grandes espaços de
cenários de destaque, mas pelo trabalho da participação mais importante, mais
efetiva, mais produtiva, que é a participação daqueles que, durante dias e
dias, semanas e semanas, meses e meses, anos e anos, seguem a sua rotina de
batalha em defesa da comunidade, em defesa da Cidade, em defesa das mulheres,
em defesa das famílias de Porto Alegre.
Acho que os grandes feitos, as grandes mudanças, as grandes conquistas,
em qualquer sociedade, são construídos, alicerçados pela batalha cotidiana,
muitas vezes invisível, de mulheres líderes, como a Madalena, que durante anos a
fio ocupa o seu tempo dedicando-se aos seus filhos, à sua família, ao seu
esposo, ao seu bairro, à sua comunidade, à sua Cidade.
É evidente que, no momento em que me é dada a possibilidade de
reconhecer em Porto Alegre uma pessoa que tem se destacado pela sua expressão,
pela sua participação e, principalmente, pela sua perseverança na conquista de
dias melhores, Madalena foi o primeiro nome que constava na minha lista.
Primeiro, eu achei importante que fosse a Madalena pela trajetória do seu
trabalho e, segundo, pela trajetória de ser uma mulher que, cumprindo a dupla
jornada que nos é inerente nesta sociedade, por esta cultura majoritária da
nossa sociedade, tem se destacado em todos os seus feitos, em todas as suas
iniciativas. E foi muito importante poder apresentar Madalena como a nossa
líder comunitária, recebendo o título da Cidade, e ver que a avaliação do meu
gabinete foi uma avaliação unânime desta indicação e que, trazendo ao Plenário
da Câmara Municipal de Porto Alegre a sugestão do nome da Madalena, recebi a
unanimidade de todos os Vereadores presentes no Plenário. Eu acho que a
unanimidade da Câmara Municipal de Porto Alegre, com a diversidade partidária
que nós temos aqui, é o reconhecimento de uma posição de trabalho que não se
prende a nenhuma posição determinada, mas se prende a um compromisso com Porto
Alegre. Por isso que a Madalena recebe este título com muito orgulho para nós,
mulheres, com muito orgulho para todos nós que conhecemos o trabalho do Clube
de Mães onde ela dedicou grande parte de sua vida. E temos presentes aqui,
também, as nossas companheiras dirigentes da Federação das Mulheres Gaúchas.
Nós sabemos que a nossa idéia foi a idéia de todas as bancadas, de
reconhecer o trabalho da Madalena; que a nossa idéia de reconhecimento é uma
idéia apoiada, reconhecida e construída por todos os porto-alegrenses que nela
se miram. E que bom que vão continuar se mirando no trabalho da Madalena
Rossler! Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Como extensão da Mesa, nós
citamos as presenças: das Sras. Maria Banda, representando o Clube de Mães São
Francisco de Assis; Nice Dias Borges, Conselheira Municipal; Mirna Meneghetti,
Presidente do Clube de Mães São Luís; Maria da Conceição Souza Sanches,
representando o Centro Comunitário de Desenvolvimento Tristeza - Pedra Redonda
- Assunção; do Sr. Valdir Rocha, representando a METROPLAN nesse ato; do Sr.
Honório Floriano, representando o Clube de Mães Flor da Primavera; da Sra. Ledi
Teixeira, Coordenadora Geral do Vida, Centro Humanístico; dos filhos de nossa
homenageada, Maria de Lurdes, Cibele e Lauro Antônio.
O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra pela Bancada do PTB.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Saúdo a todos que vêm prestigiar
este ato muito importante, esta lembrança muito positiva que a Vera. Clênia
Maranhão fez do nome de Madalena para receber este prêmio de Líder Comunitária.
Para nós é uma honra muito especial porque tivemos, até, a felicidade
de participar do último pleito eleitoral, e a Madalena concorreu pela bandeira
do PTB - uma grande honra para todos nós. Emprestou seu nome, a sua liderança,
o seu trabalho e também ajudou a todos nós, Vereadores do PTB que estamos nesta
Casa, e a mim, especialmente, Líder da Bancada aqui, na Câmara de Vereadores.
Temos, também, laços de afinidade pelas relações de vizinhança no nosso Bairro
Nonoai, nossa vida passando por um momento muito positivo.
Quero dizer o seguinte, Madalena: quando a Câmara instituiu esse prêmio
de Líder Comunitário, procurou contemplar aquelas pessoas que desenvolvem um
trabalho efetivo nas suas comunidades. O teu trabalho, já destacado aqui, é
conhecido pela sua amplitude, pela seriedade, pelos posicionamentos éticos que
tu colocas em todas as atividades. Isso é muito importante para todos. Na
Federação das Mulheres, nos Clubes de Mães, a tua participação é sempre muito
ativa - enfim, em todas as atividades em que tu te envolves, os resultados são
os mais positivos, os mais eficientes. Nós precisamos das grandes mulheres, das
grandes lideranças.
Eu não gosto de discriminações. Acho que tanto homens quanto mulheres
são competentes. Não precisamos de concessões para nada. O pessoal, às vezes,
aqui nas solenidades, fica meio brabo porque eu digo isso, mas eu entendo que é
por aí. As mulheres não precisam de concessões para nada. Sou contra, por
exemplo, os 20% a mais para as mulheres nas eleições, porque acho que as
mulheres não precisam disso; elas são competentes. Uma Senadora do nosso partido
foi eleita pela sua competência e não por concessão nenhuma de homem nenhum. A
própria Vera. Clênia Maranhão está aqui por sua competência, pela sua
capacidade. Também a Vera. Helena Bonumá, a Vera. Maria do Rosário e tantas
outras Vereadoras, mulheres que têm lutado muito firmemente na defesa dos
interesses da sociedade.
Claro que as mobilizações são importantes. A Federação das Mulheres tem
tido um trabalho importante de conscientização, e tu tens sido uma daquelas que
têm contribuído muito nessa caminhada. Todos nós temos que doar um pouco da
nossa vida à nossa comunidade. Aqueles que não sabem doar à sua comunidade um
pouco de si não imaginam o que estão perdendo. Muitas vezes, encontramos
pessoas plenas de capacidade que já estão aposentadas ou que já encaminharam os
filhos e se sentem inúteis, achando que nada mais têm a fazer na sociedade.
Ficam na frente da televisão, dormindo, comendo, esperando chegar o dia final,
quando sabemos o quanto a nossa sociedade precisa de todos.
Então, é importante o exemplo que transmites, Madalena, como todas as
outras lideranças que aqui estão, que são suas amigas, que a prestigiam e a
admiram. É muito importante que se difunda essa consciência de participação na
sociedade porque, se as pessoas se doassem um pouco mais às suas comunidades, a
nossa vida seria muito melhor. Nós teríamos muito menos problemas como os que
estamos enfrentando hoje com a nossa juventude, com a falta de perspectivas de
futuro que os nossos jovens têm por omissão nossa com a sociedade, por omissão
da própria comunidade, por omissão daqueles que podem ajudar o próximo e não
fazem. É muito importante que se destaquem aquelas pessoas que contribuem com a
sociedade e que sirvam de exemplo àquelas pessoas que estão em suas casas,
omissas, sem assumir uma posição de contribuir para com as comunidades.
Por isso, o prêmio de Líder Comunitário é muito importante, e é
importante, também, que esta Casa, permanentemente, faça essas homenagens,
porque precisamos destacar aqueles que se doam por amor ao próximo, e sei que é
isso que tens feito ao longo da tua vida. Receba o abraço do PTB, dos teus
companheiros e de todos aqueles que te
admiram, te amam e que desejam que continues sempre ativa e participante. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença de
Janaína Alves, Presidente da União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas, a UGES,
e de Francisco Lenusa, Presidente da União Metropolitana de Estudantes.
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em nome do PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Exmo. Sr. Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Airto Ferronato, Exma. Sra. Maria
Madalena Superti Rossler e seu esposo, Lauro Rossler, Senhoras e Senhores. Fui
advertido pelo Cerimonial desta Casa, dado o grande número de pessoas que
recebemos hoje, para que poupássemos a citação nominal de pessoas que compõem a
Mesa, pois essas já haviam sido referidas quando da saudação proferida pela
maior homenageante da tarde, que é a nossa companheira Vera. Clênia Maranhão,
que teve a sensibilidade de, num momento inspirado, promover essa justa
homenagem que a Casa do Povo de Porto Alegre, por unanimidade, concede a Dona
Maria Madalena Rossler. Mas, mesmo temendo desrespeitar o protocolo e advogando
a meu favor a condição de liberal, tenho a necessidade de fazer uma referência
à Profa. Élida Galarça, Presidente do Conselho Geral do Clube de Mães, pois ela
remonta o meu primórdio na ação política em Porto Alegre. Ela já trabalhava no
Clube de Mães quando a conheci. A sua presença hoje, aqui na Câmara, com a
finalidade de homenagear a sua companheira de jornada, nos dá imensa alegria.
A minha presença na tribuna seria quase que a reafirmação do sentido da
decisão tomada pelo Legislativo Municipal, que entendeu de somar todas as
correntes de opiniões num ato único de outorga do Título Honorífico de Líder
Comunitária à Sra. Maria Madalena Superti Rossler.
A minha presença na tribuna - depois da Vera. Clênia Maranhão, que já
havia se manifestado em nome da maioria das legendas da Casa e que o Ver.
Jocelin Azambuja, com autoridade de correligionário da homenageada, também já
havia se pronunciado - teria, obviamente, o objetivo de confirmar o pluralismo
da homenagem que aqui se presta.
Então, venho aqui para falar da mulher, da dona-de-casa, mãe, esposa,
líder comunitária, mulher política, do ser social e comunitário. Eu me sinto
muito à vontade para falar sobre esse tipo de mulher, e sou muito dependente de
mulheres como a senhora, Dona Maria Madalena. Sou filho de uma mulher que hoje
tem 78 anos e que se encontra em uma casa geriátrica se recuperando e com a
qual eu aprendi uma das coisas mais importantes, que é a minha capacidade de
desconsolo, de inconformismo, de não- aceitação dos fatos consumados, quando a
aceitação desses fatos representa uma posição de conformismo com o que está
errado, com o que está equivocado. A minha mãe, Ruth da Luz Pujol - da qual eu
tenho muito orgulho e que só não é eleitora do Ver. Jocelin Azambuja, de quem
ela é admiradora, porque eu sou candidato, a minha mãe, que ele conhece muito
bem, vinda do Interior, aqui teve que se submeter a uma revisão de conceito de
vida e dedicar a metade do seu tempo para uma atividade profissional e a outra
para dirigir a minha casa, conduzir destinos da minha família -, me incutiu esses
exemplos.
Quero, até com certa vaidade, dizer que, quando eu vejo uma mulher de
qualidade ser homenageada pela totalidade da Câmara Municipal de Porto Alegre,
eu, de certa forma, sinto-me homenageando a minha mãe, que é mãe, que é
dona-de-casa, que é trabalhadora, que é apegada a conceitos e a posições; que
não transige com posições políticas, ainda que seja socialmente muito amada. De
outro lado, como todo homem feliz, eu tenho uma companheira - a minha patroa, a
minha esposa, a minha mulher! A Élida sabe que, quando concorri pela primeira
vez à vereança aqui, em Porto Alegre, eu era noivo e precisei, naquele momento,
consultar duas únicas pessoas a respeito da minha candidatura, se eu deveria
aceitar o convite que me era formulado pela extinta Aliança Renovadora
Nacional. As duas pessoas eram o meu falecido pai, com quem eu tinha
responsabilidade de família, e a minha mulher, com quem eu tinha compromisso de
casamento próximo e que se adiou por alguns anos, com a plena concordância da
Maria Regina, que me dizia, na ocasião: "Se eu obstar o teu desejo de
atender ao chamamento dos teus amigos a ingressar na vida pública, como é o teu
propósito, tenho certeza de que estarei transformando o meu futuro marido num
homem socialmente irresponsável, politicamente inconfiável, e esse não é o
homem que eu quero escolher para ser pai dos meus filhos."
Num terceiro momento, Dona Maria Madalena, e ainda em minha deliciosa
prisão com as mulheres, tenho agora uma cobrança permanente da Cristina, minha
filha de dezessete anos de idade, que está preparando a prova de vestibular,
que é a minha permanente cobrança. Com freqüência, ela diz: "Pai, tu tens
que ajustar esse teu discurso liberal com a prática liberal. Que história é
essa de que és um liberal, se és um radical na determinação das ordens aqui em
casa? Tens que dar o bom exemplo. Essa história de querer marcar a hora que
volto da festa, o horário que tenho que acordar, etc., isso não é pratica
liberal."
Nessas três mulheres que fazem a alegria da minha vida, busco a inspiração, Dona Maria
Madalena Superti Rossler, para lhe saudar nesta tarde. Tenho certeza de que a
Maria de Lurdes, a Cibele e o Lauro Antônio devem ter a mesma convicção que
tenho: o quanto aquela que segura a responsabilidade da família não é uma
pessoa consolada, nem dobrada para uma realidade desagradável; é uma mulher que
não descuida dos seus deveres familiares, de sua responsabilidade de
dona-de-casa, de esposa, de mãe, não abdicando do seu direito de,
responsavelmente, atuar na vida comunitária.
A Vera. Clênia Maranhão foi muito feliz e inspiradíssima quando propôs
esta homenagem. Sinto-me muito feliz por participar dessa homenagem porque
entendo que é entre as mulheres - perdoe-me, Ver. Jocelin Azambuja -,
especialmente as dos Clubes de Mães, dos movimentos das donas-de-casa, que
temos a verdadeira participação popular, a espontânea participação popular, a
livre participação comunitária, e não a indução de uma falsa participação
comunitária.
Então, Vera. Clênia Maranhão, onde estávamos há mais tempo que nós não
percebemos da necessidade de realçar esse bom exemplo? Será que foi preciso,
sem imposição legal, sem pechincha nenhuma, o povo de Porto Alegre conduzi-la a
esta Casa para que isso acontecesse? Parece que foi, e em bom momento, porque
isso nos permite, não querendo estabelecer competição entre homem e a mulher...
Porque isso seria uma estultice: a mulher é a mulher; o homem é o homem. O meu
Prof. Armando Câmara dizia, com toda a sua sabedoria, que o valor do ser é o
seu dinamismo, a sua conformidade com o seu fim, e na conformidade do homem ele
tem que ser homem com "h" maiúsculo; a mulher tem que ser mulher com
"m" maiúsculo.
Nesta hora temos a possibilidade de realçar um bom exemplo, um
edificante, um magnífico exemplo. Temos que ficar felizes, homens e mulheres
desta Casa, dizendo-lhe, Dona Madalena: que bom que um dia a Vera. Clênia
Maranhão teve esse momento inspirado, repito, apresentando essa proposição! Que
bom que toda esta Casa com ela se comprometeu! Que bom que lhe demos esse
motivo para estar aqui, junto a tantos amigos e amigas, fazendo-lhe esta
homenagem no mais sublime gesto que a soberania popular pode participar, quando
ela se curva, respeitosamente, diante daqueles que representam o mais positivo,
o mais fértil, o mais generoso e, sobretudo, o mais conseqüente dos exemplos: o
exemplo da participação comunitária, que a senhora representa com grande
intensidade, com grande competência e com grande brilho!
Então, meus cumprimentos e, ao mesmo tempo, os meus agradecimentos,
porque a senhora, ao permitir a homenagem da Vera. Clênia Maranhão, enseja-nos
a oportunidade de, de certa forma, nos dobrarmos perante a Cidade de Porto
Alegre. Quero dizer, como liberal que sou, que não acreditamos nesses
movimentos que querem do povo uma falsa participação comunitária. A
participação comunitária que acreditamos é essa que a senhora representa: a
espontânea, a sincera, a que brota do entusiasmo e do coração e, sobretudo, da
consciência social que a senhora tem, teve e terá, porque assim estará mais do
que sendo honrada com este título que lhe oferecemos, por unanimidade - estará
honrando o título de Liderança Comunitária, porque os próximos que aqui vierem
receber este título haverão de saber que nessa galeria está essa mulher
valente, corajosa, dedicada, fiel e fraterna: Maria Madalena Superti Rossler.
Meus cumprimentos.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença da
Sra. Nice Vargas, Vice-Presidente da 1ª Zonal do PTB, da Sra. Iara Maria Lopes,
representando o Dep. Valdir Fraga neste ato e o Movimento Feminino Petebista no
Rio Grande do Sul.
Convidamos a Vera. Clênia Maranhão para entregar o Diploma de Líder
Comunitária a nossa homenageada.
(É feita a
entrega do Diploma.)
Com a palavra, a nossa homenageada, a Sra. Maria Madalena Superti
Rossler.
A SRA. MARIA MADALENA
SUPERTI ROSSLER: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Airto
Ferronato; Exma. Sra. Vera. Clênia Maranhão; muito amiga e Presidente da
Federação das Mulheres Gaúchas; demais Vereadores presentes; Exmo. Sr. Dep.
Valdir Fraga, antigo amigo e companheiro das contendas comunitárias; amigos e
amigas.
(Lê.)
"É com muita alegria e emoção que aqui estou para receber este
honroso título de Líder Comunitária proposto pela Vera. Clênia Maranhão e
aprovado por unanimidade pelos Srs. Vereadores presentes àquela Sessão.
Faço aqui meus agradecimentos a minha família: minha mãe, que por
motivo de saúde não pôde comparecer, meu pai 'in memorian', que em mim deixaram
marcado, desde cedo, o amor pela cidadania e pelo trabalho; aos meus filhos e
neto pela paciência, quando muitas vezes não conseguia atender a todos os seus
anseios; ao Lauro, meu esposo, o agradecimento especial pela força e apoio
incondicional, sem tentar interferir nas minhas idéias; ao meu Clube de Mães do
Cristal, que foi minha base, meu aprendizado, o qual, durante treze anos, me
proporcionou grandes satisfações; à Sociedade Amigos do Cristal - Associação de
Moradores do meu bairro -, onde ocupei vários cargos e juntos tivemos grandes lutas
reivindicatórias contra desmatamentos, pela construção de escolas e melhoria
urbana, bandeiras que continuam a preocupar toda a sociedade; ao Conselho Geral
de Clube de Mães - CGM, possibilitando-me aperfeiçoamento quando estive na área
de orientação. Então, aprendi toda a organização que esta entidade repassa aos
filiados. Viajei pelo interior do Rio Grande do Sul, ajudando nessa orientação
aos Clubes de Mães - e como aprendi -, conhecendo as realidades dos clubes do
Interior. Na oportunidade, pude fazer grandes amizades, que até hoje persistem.
Em 1989, participei da fundação do Conselho Municipal de Clubes de Mães
de Porto Alegre, o CMCMPA, sendo eleita 1a. Coordenadora, e durante dois anos,
juntamente com minhas companheiras, fizemos um trabalho que foi aprovado por
todos.
Na última eleição municipal tive a rara honra e oportunidade que uma
mulher pode, politicamente, alcançar na sua vida: a de concorrer à vereança de
Porto Alegre. Assim, concorrendo, a convite do nosso amigo Dep. Valdir Fraga e
do PTB, tenho certeza, elevei alto o nome do partido, da política e das
mulheres porto-alegrenses.
Agradeço à Vera. Clênia Maranhão por ter me convidado a fazer parte da
Federação das Mulheres Gaúchas. Comecei, assim, a ver de perto outra realidade
de que já tinha notícia, porém de maneira pouco aguçada. A partir daí, tive
melhor consciência da gravidade da questão social e anseios das mulheres
brasileiras como chefes de família, nas questões de moradia, delegacias
especializadas de mulheres, educação e saúde acessíveis, etc. Pela Federação
participei da fundação da Confederação das Mulheres do Brasil, em São
Paulo/Brasília, indo a muitos congressos aqui e fora do Estado, o que me
ensejou aprendizado e crescimento.
Neste dia que é tão importante para mim, gostaria de lançar, aqui neste
evento, um embrião para que os Clubes de Mães, CGM, CMCMPA, Federações e
Confederação das Mulheres, bem como outras entidades, se unam para que
possamos, desta forma, seguir as mesmas metas em defesa da cidadania, pelo
direito à segurança, educação, saúde e paz social. Falo de união lado a lado
com os homens para perseguir as mesmas metas, independente de filosofias
diferentes, visando aos objetivos comuns.
Agradeço a oportunidade para, mais uma vez, destacar a generosidade
desta Casa em conceder-me o título. Agradeço às ilustres presenças e desejo a
todos muitas felicidades, como a que estou sentindo no momento, muito progresso
individual e harmonia familiar e no trabalho. Sucesso político aos Srs.
Vereadores."
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, a
partir deste momento, teremos uma apresentação teatral com Teresinha Bonini e
Odete Pacheco.
A SRA. ISABEL IBIAS: Eu gostaria de dizer apenas algumas palavrinhas
acerca desta cena que será apresentada. A Teresinha e a Odete são duas
integrantes do Grupo "Sem Teias" de teatro, que este ano completa dez
anos de atividades. A Teresinha tem 60 anos e a Odete 67.
Vamos apresentar agora uma cena da peça composta pelo falecido Carlos
Carvalho, chamada "Berço Esplêndido". É uma cena entre mãe e filha,
como tantas pessoas da comunidade em que a Madalena trabalha conhecem bem.
Temos a certeza de que o trabalho dessas mulheres fará com que essa cena seja
vista apenas no teatro futuramente. Essa é a nossa meta; por isso trabalhamos
sem cessar e sem medir esforços.
Nós te oferecemos, então, Madalena, esta homenagem, a pedido da Vera.
Clênia Maranhão.
(A cena
teatral é apresentada.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores,
registramos a presença do Dep. Valdir Fraga. (Palmas.) Queremos registrar,
também, a importância da encenação que assistimos, apresentada por Teresinha e
Odete. Lamentavelmente, essa encenação exprime a vida de milhões de brasileiros
deste País.
Queremos registrar e agradecer a presença de todos e declarar -
parabenizando, mais uma vez, a nossa homenageada - encerrada esta Sessão. Boa
tarde a todos. (Palmas.)
(Encerra-se a Sessão às 16h14min.)
* * * * *